A dificuldade para se chegar ao diagnóstico de endometriose

endometriose

Endometriose é uma doença crônica e inflamatória que acomete 1 a cada 10 pessoas que têm útero. Caracteriza-se pela presença de tecido menstrual fora do útero. Durante a menstruação, em vez de ser expelido, esse tecido, que é o endométrio, migra no sentido oposto, podendo alojar-se nos ovários, na cavidade abdominal ou mesmo, em formas mais raras, na bexiga e nos pulmões. Esse tecido, fora do útero, continua a se multiplicar e a sangrar, provocando fortes dores.

Os sintomas da endometriose

Além de fortes cólicas, antes ou durante a menstruação, os principais sintomas da endometriose são:

● Dor durante as relações sexuais;

● Menstruação abundante;

● Sangramento fora do período menstrual;

● Dor ao urinar;

● Prisão de ventre ou diarreia;

● Inchaço na barriga;

● Infertilidade;

● Cansaço excessivo.

A demora no diagnóstico da endometriose

Segundo a Associação Brasileira de Endometriose (SBE), a tradição da área indica um diagnóstico anatomo-patológico, isto é, exige-se cirurgia e biópsia para estudo do tecido por um patologista. No entanto, durante muito tempo, usou-se, em consultório, exames menos invasivos, um exame de sangue chamado CA-125 e/ou exame de imagem. A questão é que esses exames não têm sensibilidade tão apurada e podem apresentar resultados normais nos estágios iniciais e intermediários da doença. Esse cenário leva a uma demora acentuada entre o início dos sintomas e o seu diagnóstico. Estima-se que uma pessoa com endometriose leva cerca de 7 anos em sofrimento até chegar ao diagnóstico definitivo.

A SBE defende, portanto, que, hoje, é possível se chegar ao diagnóstico de endometriose, com alto índice de acerto, apenas através da história da pessoa e de exame ginecológico. Isso abre a discussão para o descaso com o sofrimento de pessoas que têm útero, com muita frequência minimizado em consultório médico. O debate ganhou força após o depoimento da cantora Anitta em redes sociais, em que ela compartilhou seu processo de 9 anos para ser diagnostica com endometriose.

A cantora, que sofre de uma cistite de repetição provocada pela presença de tecido menstrual na bexiga, passou por inúmeros médicos e tratamentos ineficientes, sem que nunca houvessem levantado a possibilidade da endometriose. Anitta conta que não teve sua dor levada a sério, sendo acusada de falta de higiene, de não usar preservativo nas relações sexuais ou de não cumprir cuidados básicos, como beber água. Não importa quanto tenha dito aos médicos dos seus cuidados e da sua dor, foi ignorada e seu sofrimento negligenciado.

 Além da falta de informação e de aspectos relacionados ao próprio funcionamento da endometriose, como a existência de muitos casos assintomáticos, vê-se, portanto, que a demora no diagnóstico da doença é em grande parte um problema de falta de escuta a pessoas que têm útero, em razão da naturalização de seu sofrimento. A ideia de que cólica é algo normal, por exemplo, impede o estranhamento de constantes dores durante o ciclo menstrual.

Para minimizar o prolongamento desse sofrimento, é extremamente necessário difundir a discussão, ampliar a circulação de conhecimentos sobre a doença e estimular a procura por médicos especialistas.

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